A primeira manifestação que acabaria
origem ao movimento em favor de eleições diretas para presidente da República,
depois do golpe militar de 1964, cuja idéia de criação de um movimento seria
lançada pelo senador Teotônio Vilela, ocorreu no recém emancipado município de
Abreu e Lima, em Pernambuco, em 31 de março de 1983, organizada por membros do
PMDB local. Ela foi seguida por manifestações em Goiânia e em Curitiba, e
depois em São Paulo e Rio de Janeiro. Com o crescimento do movimento, que
coincidiu com o agravamento da crise econômica (a inflação fechava aquele ano
com uma taxa de 239%), houve a mobilização de entidades de classe e de
sindicatos e de diversas correntes políticas e de pensamento, unidas pelo
desejo de restabelecer eleições diretas, que entrou na pauta de votação por
iniciativa do deputado Dante de Oliveira, através da PEC nº 5.
A repressão aumenta, mas o
movimento não retrocede. A enorme pressão popular para que a emenda fosse
aprovada transformou-se num dos maiores movimentos político-sociais da história
do Brasil e logo recebeu o nome de Diretas Já. Foi na capital paulista que a
investida democrata ganhou força em pleno aniversário da cidade (25 de
janeiro). Mais de um milhão e meio de pessoas se reuniram para declarar apoio
ao Movimento das Diretas Já. No Rio de Janeiro, mais de um milhão de populares
se reuniram na Candelária, com a presença de grandes lideranças da política
brasileira.
Com a rejeição da emenda por
falta de quórum, resultado de manobra de políticos ligados ao regime que
vigorava, a eleição para presidente da República de 1985 foi novamente
indireta, sendo eleito Tancredo Neves. Os brasileiros só puderam voltar a
eleger presidente em 1989.