quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Trabalhos da CPI do Cachoeira interrompidos até as eleições

A cúpula da CPI Mista que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários, decidiu terça-feira (4) interromper os trabalhos da comissão até o término das eleições municipais, em outubro, alegando falta de quórum para promover sessões. O anúncio foi feito pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI, após reunião dos líderes partidários da CPI. Apenas o PPS não concordou com a decisão.
“Os fatos se impõem à realidade. Até o final de setembro, não tem como se colocar parlamentar aqui, com a base pressionando pela sua presença na disputa municipal”, disse o senador. A CPI está prevista para terminar no dia 4 de novembro. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), pretende apresentar um balanço do que foi investigado na primeira semana de outubro. O parlamentar quer apresentar seu relatório final entre o primeiro e segundo turnos da eleição.
Enquanto as reuniões estão suspensas, o relator Odair Cunha (PT-MG), vai fazer um balanço das informações apuradas até agora e traçar um organograma de como funcionava a suposta organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Esse balanço será apresentado na primeira reunião após as eleições. A avaliação sobre a necessidade ou não de prorrogar os trabalhos da CPMI, e sobre a possibilidade de novas quebras de sigilo de empresas ou pessoas ligadas ao esquema, também ficará para outubro.
Em fevereiro deste ano, a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelou as íntimas relações do bicheiro Carlos Cachoeira com influentes políticos do Centro-Oeste, tanto da oposição como da base aliada. O senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM), figura de proa da oposição, foi o primeiro atingido. Uma série de gravações apontou que um dos mais combativos políticos do Congresso usava sua influência e credibilidade para defender os negócios de Cachoeira em troca de ricos presentes. Os grampos da PF também complicaram parlamentares de pelo menos seis siglas (PT, PSDB, PP, PTB, PPS e PCdoB), dois governadores (o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e o tucano Marconi Perillo, de Goiás) e a Delta, de Fernando Cavendish, empreiteira com maior número de obras no PAC. As revelações levaram à abertura de diversos inquéritos no STF, STJ e na Justiça Federal de Goiás e à criação de uma CPI no Congresso.